PINÓQUIA

Um se chamava Júnior, vascaíno, filho de pernambucano com catarinense, nascido em 21 de dezembro de 1963 e morador da 312 Norte. O outro, também Júnior, flamenguista, filho de mineiro com carioca, nascido em 22 de dezembro de 1964 e morador da 306 Norte.

A separá-los, a imensa cratera desabitada conhecida como Baracanã. Ali a molecada andava de bicicleta, fazia guerra de mamona, trocava os primeiros beijos e crescia livre e selvagem.

A uni-los, o fato de serem os únicos cabeludos da Escola Classe 304 Norte, onde se conheceram por obra da irmã mais nova do primeiro Junior. E a música, a onipresente música: “Conhece o Styx”. “Não? E você, já ouviu o Robertinho do Recife”

Da escola passaram a se encontrar no Shopping Conjunto Nacional, e entre minas, gatinhas e cocotas, faziam fila para ouvir os lançamentos na cabine de uma loja de discos, sonhando com os instrumentos na vitrine.

Muitas das memórias da turma, embalados pela música e penetras em shows, acabou por torna-los músicos em uma banda. Anos mais tarde o guitarrista James se lembrava da primeira impressão daquela galera. “Eles me chamaram para tocar, quando cheguei estavam todos batendo boca, e ainda se chamavam de nossa amizade” KKKKK

É impossível passar impunemente pelas histórias de Lourenço Dutra, como também é inevitável lembrar da máxima do russo Tolstoi, “Se queres ser universal, começa por pintar a sua aldeia”

ISBN 975-85-7238-480-3